Mensagem de Consuelo Vidal para meu querido Mestre Marcus Evandro:
Um dia, passando pela Praça da Harmonia Universal – PHU, em Brasília, vi que havia um ser humano que parecia flutuar, com movimentos que vinham da alma, numa perfeita harmonia com o universo.
Parei, olhei e foi paixão à primeira vista!!!
Naquele momento, ele ensinava como Acariciar a Crina do Cavalo Selvagem, na forma de 24 movimentos. Ao final da aula, curiosa que sou, logo perguntei: acariciar o cavalo selvagem?
Ele respondeu: “amansar nossos instintos, nossas raivas, nossos medos, tristezas, alegrias, buscando o nosso equilíbrio”.
Noutro dia, ele ensinava como “Recuar Repelindo Macacos”, logo perguntei: macacos… como assim?
E ele, com toda paciência, explicou: “macacos são pensamentos automáticos e repetitivos, tão comuns na nossa mente humana”.
Aprendi também, num livro indicado pelo prof. Marcus Evandro, que o movimento de Buscar a Agulha no Fundo do Mar, tratava-se de buscar as virtudes humanas num mar revolto de sentimentos e emoções.
E assim, ao longo dos anos, continuei aprendendo, mais e mais, sobre aqueles belos movimentos encadeados.
Educador nato, profundo conhecedor da Medicina Tradicional Chinesa, ele compartilhava seus conhecimentos conosco, gratuitamente, nas aulas de Tai Chi. Admirador do Mestre Wang, Mestre Woo e Mestre Dada, não gostava que o chamássemos também de mestre, tamanha era sua humildade.
Muiiiiiiiitos foram os ensinamentos sobre os tesouros chineses transmitidos ao longo desses anos.
Ao lado de sua esposa Yara Marcia, da família e dos amigos, continuou nos ensinando como viver momentos tão difíceis nesta vida.
Ontem, nossa querida garça branca abriu as asas e voou!
Voou, voou rumo ao infinito, levando sua luz para iluminar o universo, mas deixando, aqui, milhares de sementinhas de Tai Chi Chuan plantadas em nossos corações.
Sendo assim, querido professor, permita-me, ao menos hoje, chamá-lo Mestre Marcus Evandro.
Gratidão eterna por termos nos encontrado nesta vida.
Consuelo Vidal
Em 27 de maio de 2023.
Onde quer que eu olhe, vejo um grande número de pessoas que, muito mais que eu, colecionaram histórias lindas e ensinamentos recebidos do Professor Marcus Evandro, que podem e devem ser compartilhados aqui. No rol dos que aprenderam a admirar e querer bem a ele, sou das mais pequeninas. Assim, é com humildade e gratidão que recebo a oportunidade de participar deste nosso momento.
Agora estamos plantando um pé de romã, para lembrar quão rica foi a presença do professor Marcus, quão tocados fomos todos pelos exemplos bonitos que ele nos ofereceu. Terezinha foi absolutamente feliz na escolha dessa planta para lembrar aquela presença alegre, curadora, suave, inesquecível, e vamos descobrindo o por que:
Muito conhecida entre nós por suas qualidades terapêuticas, a romã também evoca a felicidade e a prosperidade, nos rituais de ano novo. Mas essa história vem de muito longe. Originária da Pérsia, ou do Irã, ela é considerada uma relíquia sagrada da natureza, simbolizando o amor, a vida, o nascimento, a morte, a imortalidade.
Para os judeus, ela significa esperança, uma das sete frutas pelas quais a terra de Israel foi abençoada.
E se visitarmos a história da Antiguidade, encontraremos a deusa Perséfone, deusa da primavera, da fertilidade, da alegria, da força da vida que rebrota. Levada por Hades ao mundo subterrâneo, Perséfone se depara com o desafio de unir o que está em cima com o que está abaixo, e come três sementes de romã, num ritual de quem adquire a compreensão e se coloca a serviço de um propósito maior, bem maior do que a polaridade ilusória deste mundo em que vivemos.
Não há muito mais que eu tenha a dizer nesse momento. Os fatos falam por si mesmos: temos um pé de romã na Praça da Harmonia Universal, nos lembrando a presença ensolarada de Marcus Evandro. Se bem cuidarmos, esse registro de sua passagem entre nós seguirá nos oferecendo a lição da união. Como as sementes de romã, que se mantêm unidas apesar de seus diferentes formatos e tamanhos, que a dor de nos despedir dele não nos limite nem comprometa a nossa disposição de seguirmos unidos. Para que sejamos capazes de levar adiante a alegria de viver, o privilégio de praticar Tai Chi Chuan, fazendo o que nos for possível para o bem de todas as criaturas.
Eu, Maria Zi, falei.
Brasília, 04 de junho de 2023.